sexta-feira, 18 de maio de 2012

Silhouette de Roses

O luar assola a névoa da tua presença.
Escarnece pensamentos na imensidão
Do sonho, o sopro da vontade voraz,
Tocando o meu vazio oco na solidão.
Que deveras e escassas vezes me enxergas,
Na luz das portadas, qual silhueta,
Assolando a sombra do meu ser.
E por flores que anteriormente colhidas
Me colocarias em madeixas de cabelos.
E beijando-me as têmporas frias,
O tremor das mãos em meu peito.
Ah, se a vontade não escasseia
Que mil amores intrigam a nossa vontade,
Dessa, amantes se invejam,
Sentindo fulgor da mesma ansiedade.
E beijando a carne agridoce dos teus lábios,
Insensato sabor me traz!
Nas veias pulsando fervor ecoando,
Rosas que brotam no coração de imortais.

sábado, 12 de maio de 2012

Le Faune Vin


Arrufos vibrantes na argila
Na nudez do pensamento,
Turvaram lírios no vento
Curvatura da boca contra a rigidez.
Na serpente oscilando louvores
Duas cobras embaciadas no barro
Descera vinho na boca avida
- Pensamento insano!
Diria a copuleta.
Filha de uma horda de bodes
Onde bebera seu cajado
Vira efémera presença, 
O caprico galhado cantando
-Amor, poesia de andorinhas escarlates
Num inverno insubmisso de louvores.
Gosto dela - pensou…-acariciar-lhe-ia
Os peitos tesos, em meus lábios morderia.
Cabelos turvos, olhos de castanheiro...
- Gosto dela - pensou…
-Tocaria a flauta, chuparia a sua senhoria
-Gosto dela - pensou…
Oiço a musica, melodia em silvos
-Shh…aquieta agora…
-Shh…que te penetro.

terça-feira, 3 de abril de 2012

L'orgie de Ménade


No solo enxuto, na terra bruta,
Onde cantos e louvores da noite vulta
Dançavam galhados almas de gente.
Ressaltando em coxas e gemidos
Provando vinho de pés frios e
Os seios em contornos sombrios.

A sua boca em seu instrumento
Na noite onde pernoita a dança
Em que a alvorada semente
Lavava a terra em cálice
E se agarrava ao ventre em investidas
De olhos vazios embriagados extâse. 

Ela gemia nos seus cabelos macios
Nas  mãos porém a vulva
Humedecia-lhe os lábios turvos.
- Oh amor meu não somos gente.
Ela dizia na investida ao orgasmo
Que lhe dera a vida do agora.

Na boca escorrida desse vinho incoerente
Olhava no campo o desnudado
Onde envergava o pénis, o legado
A penetrava num bramido estarrecido
O grito da cabra no silêncio face ao céu estrelado.

sábado, 31 de março de 2012

Chemin de l'argent


Os caminhos outrora de prata
Manchavam de sangue o tecido do meu corpo
O fim dos tempos sucumbiam na minha carne
Mascarando o peito dos meus pés de todas as trampas.

O veneno vampírico dos homens entorpecia o meu saber
Queria cortar esse semblante, dilacerar os meus trapos
Arrasar e sugar para fora todas as trancas
Que me fatigavam vagarosamente numa alma inerte.

Os caminhos outrora de prata
Percorria-os repleta de seiva humana
Não haveria outro pranto para a minha cura
Nada mais restava na minha mente terreal.

Estava mais cega por cada dia que percorria
Por entre os vórtices de todos os mundos
Dissipara cada linho da minha farta pele
Mantendo-a como asilo da minha mera existência.

Assim pereci junto da árvore dourada,
Absorvendo o leite do Mundo
Sugando da resina à formiga
A sede de viver que não saciava 
Ouvindo o quebranto de toda a melodia.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Lunae


Vira a bruma deslizando, qual veste
Seda macia nos cantos lunares
Percorrendo-Lhe como gotas facetadas de água
Eram pérolas cantantes de Artemis
Rogadas nos olhos celestes
Daquela face láctea não mais encantada.
Percorrera os véus do mundo a insana,
Penetrando nas esferas solares
Tentando tingir-se das suas luzes
Para que algum daquele rubor fosse seu.
Como desejara tal quentura,
Nas planícies só vislumbres entristecidos
Como borrões escarlates sem cantiga
Esticava Ela as suas esferas de cal
Na tentativa que Lhe fosse concedida
Tal quentura ainda que transparecida
Daquele Sol que nunca Lhe pertenceu.