Seria o amor sempre jovem se espelhado numa criança que nunca crescesse. Assim guardaria sempre a sua essência no frasco da imortalidade.
Zeus
Zeus
Eros et Psyche
I
I
Nascida sob a boa estrela cantante, a terceira filha do soberano terreno seria a mais bela de todas as mulheres. Assim era Psyche. Porém, dado que não sobrara nela traços de vulgaridade mas de formosura divina, fora desencadeada a inveja naquela que possuía a fama da mesma estirpe.
Afrodite, consumida pela cobiça de sugar para si as atenções como sempre se habituara, não se livrou de uivar por entre a montada do sexo desinteressado.
- Tolos. - pensara a Deusa, pois todos aqueles que veneram são escravos da sua divindade. Quem diria, que a beleza seria cruel, e muito mais quando se instalava no negrume do coração de uma rainha pega. Não sabia amar, perguntando-se se seria virtude ou desespero.
Ao ver a bela moça no seu inconsciente e as paixões que despertara através dela, a Deusa, libertou o seu queixume numa das flechas do seu filho querubim.
Eros, seria esse o nome do homem criança. Foi incumbido de atravessar o véu e disparar a seta onde suspendia o coração de um porco.
Como punição à sua boniteza, Psyche, cairia de amores pelo pavoroso suíno. Mas algo fez o coração do homem criança disparar, algo inconceptível para a sua natureza. Estava destinado a esventrar corações como se de um ritual se tratasse, e agora, que vira aquela doce criatura de cabelos de trigo e asas de borboleta sentira-se incapaz de trespassar qualquer outro coração, senão o dele mesmo.
Ironia essa, pensou deambulando através do véu.
Psyché porém nunca chegara a se interessar por alguém. O seu Pai Soberano, entristecido por não conseguir noivar a sua linda filha dirige-se ao Oráculo de Delfos, onde sacerdotisas sucumbiam aos pés de Apolo num transe de frenesim e orgias a fim de revelar poderosas profecias.
- Existe no âmago da beleza, a monstruosidade. - Inalou de novo a sacerdotisa vermelha. O corpo deslavado em suores, a mescla de ervas queimadas e pêlos púbicos inundando o ar. - A bela terá como destino a besta.
O Pai Soberano confronta-se com o desgosto e a tristeza. No reencontro com a sua linda e adorada filha, leva-a tendo em sua mão os seus cabelos jubilosos. Arrastando-a por entre a terra onde a larga sob o mais íngreme rochedo.
- Borboleta, agora que te corto as asas, deixo-te à tua sorte. - Bramiu o Pai Soberano - Que Zeus tenha piedade da tua alma. - Benzeu-se.
Zéfiro, que dançava próximo ao tenebroso rochedo, viu porém a bela Psyche, dormindo silenciosamente na sua inocência. O Deus do Vento limitou-se a agir, inspirou todo o ar que possuía o soprou-a para bem longe, até aos portais de um magnífico palácio, incrustado de pedras reluzentes e penas.
Nele, Psyche acordou. Desamparada e esfomeada, caminhou pelo palácio, de pés descalços e de braços entrelaçados no ventre. Porém, na sua frente se estendia um banquete de suaves vinhos, cornucópias com cachos de uvas sumarentas, pão de trigo, e queijos do melhor leite de cabra.
Algo avassalador lhe percorreu, seria gula ou desejo, a bela mulher atirou-se para a mesa, bebendo e escorrendo o vinho em cada poro da sua pele, mordiscando cada pedaço de alimento na sua frente até que...
- Psssssttt... - Sussurrou a voz no breu.
Psyche, pára. Olhando para cada canto, nada mais se via para além da mesa iluminada por candelabros. Um cenário quase que fantasmagórico.
E de novo - Psssstttt... - A voz sussurrou. De novo - Vem a mim... - .Como se lhe lançasse um feitiço através do som das palavras.
Susceptível, a bela mulher navegou rumo a elas, sentindo-se fascinada como que entorpecida.
Num leito de rosas se encontrara. Não olhou para trás, mas sentindo cada partícula de si mesma a derreter face à sussurrante respiração que se encontrava atrás de si própria. Sentindo o fervor das mãos desconhecidas percorrendo a sua silhueta, o calor que exalava do seu corpo...Fechou os olhos e deixou-se levar naquele sonho onde se deliciou com as carícias do próprio Deus do Amor.
Afrodite, consumida pela cobiça de sugar para si as atenções como sempre se habituara, não se livrou de uivar por entre a montada do sexo desinteressado.
- Tolos. - pensara a Deusa, pois todos aqueles que veneram são escravos da sua divindade. Quem diria, que a beleza seria cruel, e muito mais quando se instalava no negrume do coração de uma rainha pega. Não sabia amar, perguntando-se se seria virtude ou desespero.
Ao ver a bela moça no seu inconsciente e as paixões que despertara através dela, a Deusa, libertou o seu queixume numa das flechas do seu filho querubim.
Eros, seria esse o nome do homem criança. Foi incumbido de atravessar o véu e disparar a seta onde suspendia o coração de um porco.
Como punição à sua boniteza, Psyche, cairia de amores pelo pavoroso suíno. Mas algo fez o coração do homem criança disparar, algo inconceptível para a sua natureza. Estava destinado a esventrar corações como se de um ritual se tratasse, e agora, que vira aquela doce criatura de cabelos de trigo e asas de borboleta sentira-se incapaz de trespassar qualquer outro coração, senão o dele mesmo.
Ironia essa, pensou deambulando através do véu.
Psyché porém nunca chegara a se interessar por alguém. O seu Pai Soberano, entristecido por não conseguir noivar a sua linda filha dirige-se ao Oráculo de Delfos, onde sacerdotisas sucumbiam aos pés de Apolo num transe de frenesim e orgias a fim de revelar poderosas profecias.
- Existe no âmago da beleza, a monstruosidade. - Inalou de novo a sacerdotisa vermelha. O corpo deslavado em suores, a mescla de ervas queimadas e pêlos púbicos inundando o ar. - A bela terá como destino a besta.
O Pai Soberano confronta-se com o desgosto e a tristeza. No reencontro com a sua linda e adorada filha, leva-a tendo em sua mão os seus cabelos jubilosos. Arrastando-a por entre a terra onde a larga sob o mais íngreme rochedo.
- Borboleta, agora que te corto as asas, deixo-te à tua sorte. - Bramiu o Pai Soberano - Que Zeus tenha piedade da tua alma. - Benzeu-se.
Zéfiro, que dançava próximo ao tenebroso rochedo, viu porém a bela Psyche, dormindo silenciosamente na sua inocência. O Deus do Vento limitou-se a agir, inspirou todo o ar que possuía o soprou-a para bem longe, até aos portais de um magnífico palácio, incrustado de pedras reluzentes e penas.
Nele, Psyche acordou. Desamparada e esfomeada, caminhou pelo palácio, de pés descalços e de braços entrelaçados no ventre. Porém, na sua frente se estendia um banquete de suaves vinhos, cornucópias com cachos de uvas sumarentas, pão de trigo, e queijos do melhor leite de cabra.
Algo avassalador lhe percorreu, seria gula ou desejo, a bela mulher atirou-se para a mesa, bebendo e escorrendo o vinho em cada poro da sua pele, mordiscando cada pedaço de alimento na sua frente até que...
- Psssssttt... - Sussurrou a voz no breu.
Psyche, pára. Olhando para cada canto, nada mais se via para além da mesa iluminada por candelabros. Um cenário quase que fantasmagórico.
E de novo - Psssstttt... - A voz sussurrou. De novo - Vem a mim... - .Como se lhe lançasse um feitiço através do som das palavras.
Susceptível, a bela mulher navegou rumo a elas, sentindo-se fascinada como que entorpecida.
Num leito de rosas se encontrara. Não olhou para trás, mas sentindo cada partícula de si mesma a derreter face à sussurrante respiração que se encontrava atrás de si própria. Sentindo o fervor das mãos desconhecidas percorrendo a sua silhueta, o calor que exalava do seu corpo...Fechou os olhos e deixou-se levar naquele sonho onde se deliciou com as carícias do próprio Deus do Amor.
Baseado no romance de O Asno de Ouro de Apuleio - Metamorphoseon Libri XI
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